terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vida e obra de Charles Dickens


Charles Dickens

Cronologia biobliográfica: 
7 de fevereiro de 1812 – Charles Dickens nasce na pequena cidade de Landport, perto de Portsmouth, no sudoeste da Inglaterra. Seria o segundo filho de um total de oito crianças. Seu pai, John Dickens, era um funcionário do escritório encarregado do pagamento da Marinha, em Portsmouth. Era incapaz de manter-se longe de dívidas. Na época em que Charles nasceu, a Grã-Bretanha vivia o início de um período de regência: em 1811, o rei George III fora declarado irremediavelmente louco, e seu filho, George IV, assumiria com plenos poderes apenas em 1820.
1817 – Já em dificuldades financeiras, a família Dickens muda-se para Chatham, também no sudoeste e igualmente uma cidade portuária.
1822 – Aos dez anos, Charles já tivera contato com obras da literatura pícara e outros clássicos. Apenas ocasionalmente freqüentara uma escola privada, de modo que sua educação, até então, resume-se à biblioteca de seu pai. “Daquela pequena peça vieram Roderick Random, Peregrine Pickle, Humphrey Clinker, Tom Jones, The Vicar of Wakefield, Dom Quixote, Gil Blas Robinson Crusoe,para fazer-me companhia. Eles mantiveram viva a minha fantasia e a minha esperança de algo melhor, além daquela época e daquele lugar”, lembrou o autor.
1823 – John Dickens decide tentar a vida em Londres e leva a sua família para a cidade grande, mais especificamente para o bairro de Camden Town. Lá, o pe­queno Charles depara-se com os encantos e com as injus­tiças da sociedade industrial e do capitalismo. Sua mãe, Elizabeth, decide abrir uma escola para meninas e põe as crianças (entre as quais Charles) a distribuir panfletos na rua, anunciando a nova escola, naquilo que seria o primeiro “emprego” do futuro escritor.
1824 – No dia 5 de fevereiro, o pequeno Charles (então com 11 anos) começa a trabalhar em um curtume, dez horas por dia: uma experiência traumatizante que o marcará pela vida inteira e que se fixará na sua memória como um abandono por parte da família. John Dickens é encarcerado na prisão de Marshalsea por dívidas. Toda a família, com exceção de Charles, junta-se a ele no cárcere (o episódio será romanceado mais tarde, em David Copperfield, quando o Sr. Micawber é preso pela mesma razão e sua família acompanha-o à penitenciária). O pai de Dickens é solto três meses depois, em função do recebimento de uma pequena herança. A Sra. Dickens quer que o filho continue trabalhando, mas o pai manda-o, aos 12 anos, pela primeira vez a uma escola, onde seu desempenho é bom.
1827 – Aos 15 anos, começa a trabalhar como auxiliar em uma firma de advocacia. Impõe a si mesmo uma disciplina de estudos que lhe faltava por parte dos pais e, à noite, aprende taquigrafia.
1829 – Lançando mão de seu domínio taquigráfico – ferramenta importante para transcrever os debates e discursos do Parlamento –, lança-se como repórter free-lance na Câmara dos Comuns. Ficaria conhecido pela rapidez com que taquigrafava discursos.
1830 – Apaixona-se por Maria Beadnell, filha de um banqueiro.
1831 – Torna-se repórter encarregado da cobertura da Câmara dos Comuns no jornal The Sun. Sua carreira no jornalismo solidifica-se.
1833 – O relacionamento com Maria Beadnell chega ao fim, provavelmente devido a pressões dos pais dela, que não consideravam o jovem jornalista um bom partido para a filha.
1834 – Dickens inicia como repórter parlamentar no jornal Morning Chronicle. Começa a publicar, aos 21 anos de idade, histórias cômicas com personagens caricaturais na Old Monthly Magazine e no Evening Chronicle, utilizando o pseudônimo de Boz (em 1836, as histórias se­riam compiladas em livro sob o títuloSketches by Boz)Seu pai é novamente preso por dívidas, e Charles intervém por ele.
1835 – Conhece Catherine Hogart, de quem fica noivo.
1836 – É convidado a escrever histórias cômicas e caricaturais que deveriam acompanhar os desenhos de um famoso ilustrador, Seymour. Dickens, que precisava de dinheiro para se casar, aceita a oferta. O desenhista, entretanto, suicida-se após a publicação do segundo número de The Pickwick Papers. Dickens faz, então, uma reformulação do projeto, que acaba por tornar-se uma narrativa de vários episódios em encartes mensais, ilustrados por Hablot K. Browne, mais conhecido como Phiz, que colaboraria muitas outras vezes com o escritor. O folhetim atinge um enorme sucesso e, aos 25 anos de idade, Dickens torna-se nacionalmente conhecido. A publicação de The Pickwick Papers continuaria até novembro de 1837.
Casa-se com Catherine Hogart. Torna-se editor do perió­dico Bentley’s Mischellany e, em dezembro, publica a segunda série de Sketches by Boz. Conhece John Forster, que se tornaria seu melhor amigo e seu biógrafo.
1837 – Tem início a Era Vitoriana, com a Rainha Vitória I subindo ao trono. A partir desta época, Dickens mergulha na carreira de romancista ao mesmo tempo em que desempenha atividades jornalísticas. Mary, irmã de Catherine, morre, o que abala profundamente o escritor. Nasce Charles, o primeiro de dez filhos do casal. Começa a publicação de Oliver Twist, no Bent­ley’s Mischellany. Oliver foi o primeiro órfão carente de uma série de personagens do autor. A série continuaria até 1839.
1838 – Inicia a publicação de A vida e as aventuras de Nicholas Nickleby (Nicholas Nickleby), no mesmo perió­dico. A história concentra-se no tema de predileção do autor: o modo de se criar crianças, repressão e punições utilizadas.
1839 – Demite-se do cargo de editor da Bentley’s Mischellany.
1840 – Surge o periódico Master Humphrey’s Clock, onde Dickens publica, até fevereiro de 1841, A velha loja de curiosidades (The Old Curiosity Shop).
1841 – Publica, no mesmo periódico, Barnaby Rudge, um romance histórico.
1842 – Viaja ao Canadá e aos Estados Unidos, onde conhece Longfellow, Washington Irving, Bryant e outras figuras literárias da época. A hospitalidade com que foi recebido diminui à medida que ele se empenha em campanhas abolicionistas e pró-leis internacionais de copy­right (editores norte-americanos estavam fazendo edições piratas de suas obras).
1843 – De volta à Inglaterra, inicia a publicação de A vida e as aventuras de Martin Chuzzlewit (Martin Chuzzlewit), onde aparecem críticas à sociedade norte-americana. A série vai até julho de 1844. Ainda em dezembro de 1843, publica Um conto de Natal (A Christ­mas Carol), com ilustrações de John Leech. A repercussão positiva sela sua fama e encoraja-o a escrever uma história de Natal para cada mês de dezembro. A compilação destas histórias em livro seria conhecida como The Christmas Books.
1844 – Perto do Natal, publica Os sinos (The Chimes).
1844-1847 – Dickens e sua família fazem várias viagens, para a Itália, França e Suíça. As paisagens deste último país continental tornar-se-iam, para o escritor, sinônimo de encontro harmonioso e romântico do homem consigo mesmo, tal como para Rousseau; em David Copperfield, o personagem recolhe-se ao interior suíço para se recuperar da viuvez.
1845 – O escritor monta um grupo de teatro amador. Em dezembro, publica O gafanhoto na terra (The Cricket on Earth), terceira história de Natal.
Torna-se o primeiro diretor do jornal The Daily News. Nele, publica Pictures from Italy, com impressões de via­gem.
1847 – Ainda na Suíça, inicia Dombey e filho (Dombey and Son), narrativa a partir da qual sua visão de mundo se ensombrece, com críticas sociais mais radicais e humor cada vez menos terno e mais selvagem. A publicação do romance perdura até abril de 1848. Em dezembro, publica The Battle of Life.
1848 – Escreve, dirige e atua em montagens teatrais e, em dezembro, publica O homem mal-assombrado(The Haunted Man), última de suas histórias de Natal.
1849 – Escreve A vida de Nosso Senhor (The Life of our Lord), que permanecerá inédito até 1934. Inicia a publicação de David Copperfield, em encartes mensais (que terminariam apenas em novembro de 1850). Dickens escreveu que, de todos os seus livros, gostava mais deste. E que, como muitos pais, ele tinha um filho preferido, e seu nome era David Copperfield.
1850 – Funda o semanário Household Words, do qual era editor.
1851 – Inicia a redação de Casa soturna (Bleak House), narrativa que mostra com crescente pessimismo o sistema jurídico inglês.
1852 – O romance é publicado em encartes mensais, até setembro de 1853.
1853 – Viaja pela Itália e, ao voltar para a Inglaterra, passa a fazer leituras públicas de sua obra.
1854 – O romance Tempos difíceis (Hard Times) é editado semanalmente no periódico Household Words.
1855–1857 – Little Dorrit sai em encartes mensais. A heroína que dá nome à narrativa faz bicos durante o dia e à noite volta para a prisão, onde seu pai está preso por dívidas.
1856 – Colabora em uma peça teatral, The Frozen Deep. Dickens compra uma propriedade chamada Gad’s Hill, que ele admirara desde a juventude, nos arredores de Londres.
1857 – Durante o verão, a família Dickens recebe, em Gad’s Hill, a visita do escritor dinamarquês Hans Chris­tian Andersen, cujos contos de fadas Dickens muito admirava. A companhia teatral do escritor britânico encena The Frozen Deep para a Rainha. Dickens envolve-se com Ellen Ternan, uma jovem atriz que se juntara à trupe.
1858 – Tem uma discussão pública com seu amigo e grande novelista W. M. Thackeray. Separa-se de sua mulher, Catherine, após um longo período de conflitos conjugais. A separação e o seu caso com Ellen ge­ram um certo escândalo e isolam-no de alguns de seus conhecidos e admiradores. Dickens intensifica as leituras públicas de sua obra, que duravam horas a fio.
1859 – Funda o semanário All the Year Round, que ele mesmo editaria, até a sua morte. O primeiro capítulo de História de duas cidades (A Tale of two cities) sai no primeiro número, e a publicação em folhetim do romance continua até novembro. Nele, são abordados os terrores e sofrimentos da Revolução Francesa, e a narrativa aproxima-se do romance histórico. O escritor muda-se para Gad’s Hill e passa por um perío­do de retrospecção, no qual queima antigas cartas e relê David Copperfield, sua obra mais autobiográfica, antes de iniciar a redação de um novo romance.
1861 – Publica em folhetins semanais o romance Grandes esperanças (Great Expectations), no jornal All the Year Round. A obra é considerada por muitos a melhor narrativa do autor. Retoma as leituras públicas, que têm continuidade em 1862.
1863 – Faz leituras públicas em Paris, além de em Londres. Reconcilia-se com Thackeray antes da morte deste.
1864 – Nosso amigo em comum (Our Mutual Friend) sai em folhetins mensais, até novembro do ano seguinte. Trata-se do último romance terminado pelo autor. Biógrafos e críticos atribuem o declínio da saúde de Dickens a trabalho em demasia.
1865 – Um incidente abala o escritor, tanto física quanto psicologicamente: voltando de Paris, ele e Ellen Ternan tomam parte em um acidente ferroviário, no qual várias pessoas ficaram feridas.
1866 – Dickens realiza leituras públicas em várias localidades da Escócia e da Inglaterra, com a saúde debilitada e contrariando ordens médicas.
1867 – Mais leituras públicas na Irlanda e na Inglaterra. Embarca para uma série de leituras nos Estados Unidos, que se prolongaria até 1868.
1868 – Novos encargos editoriais em All the Year Round enfraquecem-no mais ainda.
1869 – Novas leituras na Irlanda, Inglaterra e Escócia provocam-lhe um leve derrame. Outras leituras no interior foram canceladas, mas Dickens inicia a publicação de O mistério de Edwin Drood (The Mystery of Edwin Drood), um romance de mistério, que alguns críticos enxergam como um dos fundadores do gênero policial.
1870 – O autor faz suas últimas leituras públicas em Londres. No dia 8 de junho, sofre outro derrame, após um dia trabalhando em O mistério de Edwin Drood, e morre no dia 9 de junho, em Gad’s Hill, aos 58 anos de idade. Um comboio fúnebre especial transporta o corpo de Dickens até a Abadia de Westminster (local da coroação da realeza britânica), em Londres, onde é enterrado no dia 14, no Poet’s corner, entre Shakes­peare e o romancista inglês Henry Fielding. O último capítulo do romance inacabado é publicado em setembro.

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